segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Me esqueci dos tempos em que voava os ares, nadava em águas límpidas como cristais raros, rolava a vida no crescer das matas, no esplendor de faunas e floras, tendo a selva como escola, relvas para um descanso, frutas meu alimento.
O simples contato com o natural, o viver em paz com as divindades, ficou para trás envolto em uma nuvem negra, um progresso distinto para os que se permitem ao futuro, sumindo num suspiro.
Esquisito grito em meio a uma floresta de espinhos, prédios em cada esquina, no meio da avenida, no centro de sua vida; grite forte espelho de muitas almas, faça ouvir seu som nos esgotos dessa cidade, nos inícios de uma metade, de uma criança nos primeiros passos, de uma herança em diversas partes.
O frígido equivoco dos loucos, poucos lúcidos em marchas sem lutas, em marcas no escuro, manchas de um sangue puro, místicos erguem os mastros sem bandeira, sem cegueira, apenas a vida importa de fato, somente as vitimas sentem dor de verdade.

31 dez 86 Tel

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Crianças não se fazem em pauladas, não se criam com maldade; se tornam seres vindo a vida ao nascer, crescer nos braços do amor, viver em meio de um amor.
Como uma flor, desabrochou a primavera mais linda, a terra se enche de vida, as guerras de vez esquecidas, meninas transformando tudo em caricias, meninos fazendo do mundo única energia. Na união dos grupos em briga ter certeza de que para sempre cicatrizou a ferida, dos ódios só ficaram as amarguras, escuras criaturas que se negarem a seguir essa linha, a mesma estreita trilha que levou os selvagens a mortandade, a aniquilidade.
Não se espante com os donos da realidade, senhores de falsa sinceridade, construtores dos moldes humanos, precursores da morte instântanea; pois eles não terão tempo de gastar suas fortunas, modificar suas figuras, terão por maior sorte o nosso esquecimento, em um momento de paz deixemos de lado as mascaras dessa sociedade, magoas não permitem mais nada, não transmitem mais nada.

SAO 31.dez.1986
No balanço de mais um ano pesam mais na balança os erros e enganos próprios de um um humano, até mais que os livros, ensinam que viver nesta cidade nos deixa mais a vontade, que a ilegalidade incomoda tanto as leis e a liberdade.
Sinto que o frio quando assola as pessoas deixam-nas frias como pedras de gelo, mosntros de neve destruindo o acreditar, sugando os fluidos de um ser normal, criando abismos nas laterais de um mortal.
Como faz mal, esse mal habitante dos homens, tantos são os de falsa palavra que não se ouve os dezeres da verdade, falta uma parte em nossos destinos, falta arte nos termos de lealdade.
Foram doze meses deum trilhar dificil, caminhando por cima de armadilhas, recomeçando a vida a cada dia, terminando as lutas sem covardia; a mensagem enviada por este ano ficou gravada nas garras de minha vontade, certeza de minha fragilidade, mocidade envolta em véus de mistério, sentimentos sinceros.
Vai-se junto com o ano uma parte de meu ser, surge a escada demeu vencer.

SAO 31.dez.1986

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aos sempre ausentes.

Resonam na mente palavras de ordem contra a ganância dos negociantes, frente aos podres poderes intransigente. Solto um berro sem nexo que ecoa o seu eco em algum fundo do inconsciente ... decadentes, inconsistentes; são eles os que mentem, que metem a mão no bolso dos que nunca estão presentes.
Lutamos por um bando de gente, pessoas ausentes que teimam em não mostrar os dentes, que fingem uma realidade social, que se inibem diante aos poderes papais ... feudais ... patronais ... patriarcais ... e mais, muito mais medos a corroer os desejos, os segredos de cada ser e o ser de cada desejo.
Nos vejo diante a portais de aço, que somente conseguiremos transpor quando de fato acordarmos deste sono profundo e nos colocarmos em guerra contra nosso próprio reflexo, e a partir de então nos tornaremos o inverso ou quem sabe um verso a trilhar pelos restos dos perversos.
Pasmo em te ver bem acomodado, ai sentado em sua casa; voce é um descaso, um marasmo que prejudica um todo, que domina um povo ... um polvo de infinitos tentáculos a envolver a mente destruindo as sementes, transformando seres em meros fregueses, em rêzes a caminho de cumprir com os seus deveres.
Acordem preguiçosos ausentes ... despertem desta paralisia latente e lutem pelo presente pois assim daremos força a um futuro que se apresenta inexistente.

Sampa (sem data)

Sobre as hipóteses.

Tento imaginar o que seria uma hipótese não vendo nada além de distorcidas imagens, metragens de um tempo imaginário que transforma o trabalho humano em algo mundano ... um segundo plano encobrindo os mecanismos da sociedade; deixando de lado as verdades para entrar no campo das diversas mentalidades, que ligadas a interesses e necessidades, tentam destruir o pensamento em prol dos vestimentos, dos óbitos e nascimentos, do cimento usado para se construir mais um monumento ... do excremento ... puro excremento lançado em nossas faces, turvando a visão e iludindo a razão ... vazão de um esgoto imundo, que retrata este mundo dominado pela ganância e pelo lucro, que agora tenta esgotar as forças produtivas decretando um novo tempo onde não mais existe a História, surgindo em seu lugar as mais diversas anedotas ... lorotas ... cambalhotas de um palhaço em um espetáculo circense, provocando risos nas pessoas que não possuem mais dentes, que não se acham como gente ... por certo não podemos lhes restituir os dentes, mas também é certo que podemos recolocar os trilhos na estrada, fazendo com que o trem da história volte a deslizar pelos caminhos que tantos se apressam em dizer esquecidos, banidos da era moderna, mas que podem restituir às pessoas a sua condição de seres humanos ... sem tronos, som donos ... cem anos seja o que necessitemos, pouco importando o tempo se não nos atermos aos fingimentos ... levantemo-nos.

Sampa 19.nov.1993
Somos apenas o reflexo do espelho, representamos somente a fome que assola nosso meio, a criança que implora quase de joelhos ... matança aflita ... mundo dos alheios.
É por decerto mais fácil ignorar as mazelas do social, sequelas devoradoras de pernas, panelas vazias abandonadas em uma janela.
Tendo em vista que nada é verdade, tampouco realidade; façamos de conta que nada é de nossa conta; que aquilo que vemos e sentimos não passa de uma estampa ... tampa a esconder-nos o defunto ... anca de uma dama a desviar-nos do assunto.
Imundo pensamento absurdo, mudo ser que nada escuta, que nada muda ... sacuda esta tolerância crua e renasça de tua tumba ò múmia estúpida.
Personagem de um quadro, etéreo resguardo ... retrato pálido dos esforços válidos, dos pescoços flácidos; negócios ... negócios são sempre negócios, coisas distintas impressas pela tinta, memória viva de uma imagem distorcida.
Enegrecida figura à esconder-se na penumbra, embrutecida ternura à esquecer-se das outras criaturas ... caricaturas de gente ... da gente feita miserável pelas mãos da avareza, da nobreza ... tristeza.

Sampa (sem data)
Um instante meio que parado,
um pássaro cantando ao largo em meio a ônibus e carros,
movimento apressado do mega burgo ...
cresceu a cidade engolindo tudo a sua volta,
envolvendo seres e dizeres ...
vozes que mais parecem murmúrios incompreensiveis,
sensíveis artérias por qual navegam as criaturas modernas ...
minhas pernas cansadas insistem em prosseguir na caminhada,
jornada repleta de desafios ...
mais parece um filme,
um filme misto,
de aventura,
terror,
romance
e comédia.

Sampa (sem data)