Crianças morrendo de fome e os governantes não sabem os seus nomes. Pessoas sofrendo diante os degraus do pensamento por terem medo de serem homens.
As ilusões nos assolam, pátrias mórbidas lutam por sua glória. Os maus ventos que varrem este país, de nada importam pois todos já fecharam as suas portas. Os jornais estampam fotos da guerra, os políticos como sempre estão atolados na merda e os mais ricos continuam a se agarrar a toscas moedas.
A roda da vida gira! Os tempos do norte mudam, as lembranças da morte ficam. Detritos, subnutridos; os seres humanos não mais tem um destino, mais a baixo rastejam sobre fétidos vestígios ... vestidos para um sacrifício, um sacro-ofício dos templos cristãos, os mesmos templos onde eram queimados os pagãos. Mestres mortos no arder de seus corações.
No arder de nossos corações, estaremos em torpe deflagração ... estaremos em órbita de uma qualquer contestação ... constelação de astros aflitos, estrelas que rumam a um infinito ... grito perdido, espelho partido. Já não mais enxergamos nossos rostos refletidos; e vemos, isto sim, olhos com ares inimigos, olhos de uma maldade sem sentido.
Sampa 22.jan.1991
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