Palavras ... palavras ... palavras,
na verdade afiadas facas à cortarem nossas faces em um enorme quantidade de pedaços ...
palavras,
que na mentira são as verdades que enfrentamos com serenidade,
com a senilidade da sociedade que reproduzimos,
engrenagens que damos brilho,
tonalidade e totalidade ...
quantos dades formam as cidades,
as maldades,
as beldades
e os arrabaldes ...
baldes cheios de míudos de gente
sendo despejados ...
desprezados ...
desperdiçados ...
enterrados ou quem sabe assados em um espeto ...
churrasco canibalesco saciando a fome dos que não te respeitam,
dos que se enfeitam com plumas e paetés
enquanto a fome devora muitos seres ...
enquanto revisam as leis em prol dos reis ...
ou dos réis ...
ou dos réus ...
véus que tudo encobrem na penumbra ...
fantasias que a todos alegram ...
avenidas ...
arquibancadas ...
piadas de um mau gosto ...
povo sem rosto disperso frente às alegorias e aos sambistas ...
passistas envaidecidos de suas evoluções diante a plateia enlouquecida ...
entorpecida pelo brilho ...
estampido de uma arma sem fogo emudecendo um povo ...
povo, palavra que enche a boca igual a um ovo cozido,
espremido no céu da boca ...
entre o céu e a boca forma-se um vazio,
que cheio de misticismos e cáries enfeita os estandartes de uma escola,
os altares de uma igreja
e os mastros de um bandeira.
Sampa (sem data)
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