sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Palavras de vários sentidos, povoam mundos e abismos; os gritos não ouvidos ecoam junto aos pés de ídolos corroídos; passos seguem a nenhum destino. Traçamos infindadas retas, tornamo-nos metas.
Cotidiano insano destruindo anos, modificando sonhos; meus sonhos, meus anos; se foram longe a onde passa o vento uivando, a onde de cristais são feitos os castiçais, mortais.
Vão lúcidos os olhos mirando miragens, paisagens ... vaidades. Que as verdades nunca sejam ditas, pois nossa podre medida apenas mantém as coisas já ditas; não mintas. Não finjas que não me escutas; que as pulgas não sugam o teu sangue, que na rua não nascem sementes. Serei para sempre um trapo em vez de gente; um asno a não crer em minhas vertentes, nas loucas bruxas de um sol ascendente, verso insistente.
Das regras não sei fugir, das flechas não me escondi; sorri ao carrasco assassino como quem não canta um hino, como quem tem um destino. O seu vizinho espia por sobre o muro, um murro no focinho, desagrado com ar de martírio, como um lar em desalinho.
Sinto a lua roubando minhas imagens, sugando minhas viagens, mudando a realidade, exterminando a maldade; transformando ou modificando, criando ou inventando um assunto, uma realidade.

SAMPA 21.nov.1989

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