sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Voe pássaro tão lindo, voe para onde ainda não te tenham ferido, não te tenham perseguido. Bate tuas asas e alcance um voo para o infinito, para longe dos seres destrutivos.
Não deixem que espalhem teu sangue tão querido, pelas paredes brancas deste tal hospício ... precipício aberto nas valas de teu sacrifício, teu disperdicio.
Perdeste anos a procurar pelos humanos, mas eles são apenas enganos; enganam a si mesmos diante de espelhos, frente a seus desesperos, tolos zelos ... tornozelos de ouro maciço não resistem ao maçarico e aos teus gritos; são suditos menores, maiores vozes e as vezes algozes.
Ouço túmulos a reclamar do passado, vejo tumultos a representar o passante, semblantes a indicar o porvir, o existir entre farsantes torna a carne um alvo incessante.
Quem me dera ter asas, para alçar este voo súbito, mas este estúpido não conhece a direção de suas vertentes, de suas nascentes ... decadente persiste no solo a esperar que as feras lhe cravem os dentes, lhe matem para sempre.
SAMPA 07.nov.1989

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